terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Aproveitando as oportunidades

Em minha última postagem escrevi sobre como é bom quando não temos grandes notícias a dar...

Pois bem, agora quero falar das oportunidades que se apresentam quando as notícias aparecem...

Depois desse período de calmaria o ano começou quente! Meu querido sogro, Sr. Segis, como o tratamos (de Segisfredo), que já vinha sofrendo bastante com a idade perdendo aos poucos a capacidade de locomoção devido à uma neuropatia diabética, logo depois da virada do ano, quando ainda pilotou seu valoroso Picanto, teve 3 passagens rápidas pelo pronto socorro para tratar pressão alta, constipação intestinal, alta da glicose e... na volta não podia mais andar, nem mesmo com a ajuda do andador. Providenciamos uma cadeira de rodas, outra de banho, cuidadores (pois moramos em São Paulo e ele em Itu), e medicação mais específica para suas atuais necessidades. 

A introdução dos cuidadores foi um capítulo à parte:-

Minha sogra, Dª. Maria deu muito trabalho para aceitar a presença de gente nova em sua casa. Confusão mental causada por sintomas de Alzheimer terminaram por frustar nossa primeira equipe de cuidadoras. Na segunda tentativa, já no dia seguinte devidamente consultada pelo Dr. Nilo seu médico (graças à sua afilhada Maria Inês) e mais 3 noites e 4 dias de nossas presenças, conseguimos introduzir as queridas Fátima e Angelita que dividem os dias e as noites cuidando deles, mesmo quando estamos por lá.

Mas vamos falar das oportunidades, afinal é assim que gosto de encarar os desafios. Não fossem essas necessidades especiais que Sr. Segis - 92 anos e D. Maria - 89 anos estão carecendo, (um lúcido, com o corpo doente e outro fisicamente bem, mas com a mente falhando), dificilmente teríamos a chance de lhes dar a atenção e o carinho que nem sempre tivemos como demonstrar.

Fisicamente cansativo, pois transferir Sr. Segis da cama hospitalar que minha velha amiga Denuza conseguiu graciosamente com colchão e tudo, para a cadeira de rodas ou a cadeira de banho, mesmo que somente aos finais de semana quanto é "meu plantão", vale como um treino em academia, e ainda é grátis hehehe.

Psicologicamente também é uma boa oportunidade para vencermos preconceitos, descobrirmos em nós novas habilidades e capacidades, exercendo a compaixão e a caridade. 

Dar comida na boca, levar aguinha, providenciar para que tome os remédios na hora certa, e fazer um enorme esforço para levar um mínimo de esperança para uma pessoa tão ativa há até poucos dias atrás, mas que agora mal consegue falar.

De outro lado, dribar com bom humor, e muuuuuito carinho a "braveza" de D. Maria, que quase bateu em todo mundo quando instalamos a cama hospitalar na sala. Outra bronca, desta vez diretamente comigo, pois montei a cama dela na sala, ao lado da dele. Ficou sem comer, não quis mais conversa comigo, dormiu na cadeira 1 noite, depois no sofá da sala e finalmente se rendeu à cama. 

Mas os benefícios da oportunidade, mais uma vez apareceram, e desta vez quem conseguiu aproveitar foi a filha, Ana Maria que aproveitando que eu estava mal na fita, conseguiu que a mãe aceitasse das mãos dela, comida e água. uhuuuu!!!

As oportunidades não param por ai, pois temos aprendido muito mais do que temos dado em carinho, paciência e amor. Como foi difícil conseguir abraçá-los, dar beijo na chegada e na saída, que aceitassem nossos serviços, levar um pouco de esperança e amor. 
Como foi difícil lidar com essa rejeição! 

Vencemos mais uma dificuldade nossa, aprendendo a entregar o amor pra quem parecia não saber do que estávamos falando, de uma maneira que nem sabíamos que era possível, e hoje percebemos que quando vamos saindo rapidinho, é impossível ficar só no aperto de mãos.

Quero deixar pública minha alegria por estar tendo mais estas oportunidades, todas advindas de muitas "notícias", mas que ao mesmo tempo são oportunidades, que se aproveitadas, nos tem sido muito gratificantes!!! 

Agradeço também a todos os parentes e os muitos amigos que tem nos ajudado a trilhar esse caminho com dignidade e respeito.


4 comentários:

  1. Beto, muito legal saber que você e a Ana estão tendo essa oportunidade de demonstrar e praticar seu amor a eles dois. A gente sempre cresce e evolui pelo amor e pela dor. Neste caso, vocês estão passando pelas duas situações, pois a dor de ver as pessoas que amam envelhecendo, doentes, é grande demais. Por outro lado, é através dessa dor que Deus está lhes dando a chance de praticar o amor e a caridade e, com certeza, depois que tudo isso passar, vocês serão pessoas ainda melhores. Parabéns pela atitude e força para enfrentar os dias difíceis que ainda virão. Nós bem sabemos que nada nesta vida é por acaso...

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  2. Beto

    Gratificante é estarmos de bem em fazer o bem!!! Passei, e ainda passo por isso, e sei quão difícil,é de início, a nossa aceitação!!! Conflitos internos gerados e revoltas ,quanta angústia, quanto "choro" e "soluço" de desespero, de compaixão, e de tristeza, mas quando temos a lucidez e a força para encaramos de frente a situação, vemos que o mundo nos da força para seguir em frente, e fazer com que enxerguemos os fatos de uma forma diferente do começo. Isso é de amor!!!
    Amigo, se precisar de alguma coisa, pode recorrer amim!!!

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  3. Meu irmão,
    Quando, em nossas orações, pedimos alguma coisa a Deus, nem sempre ele nos dá o que realmente pedimos, mas sempre nos dá o que mais precisamos.
    A aceitação desta dádiva de Deus como uma oportunidade, transforma todo o desgaste físico e emocional em um crescimento pessoal imensurável.
    Talvez fosse esta a oportunidade necessária para que a mãe da Ana rompa o casulo e demonstre realmente o amor que sente pela filha.. Tem muitas pessoas que tem medo de dizer "eu te amo" e por isso se isolam em casulos indestrutíveis.
    Se conheço bem, vocês se sairão bem no que estão fazendo.
    Conte com os amigos, conte para os amigos e se apoiem nos amigos.
    Um abraço
    Leoncio

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  4. Grande Leoncio, sabedoria e amizade de sobra em seu coração. Obrigado!

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