sexta-feira, 24 de junho de 2016

Só sei que nada sei!

Quando tomei conhecimento da frase atribuída ao filósofo grego Sócrates, imediatamente me identifiquei com ela. E veja que isto já faz um bom tempo, aliás foi no meu temo de ginásio.

SÓ SEI QUE NADA SEI

O reconhecimento da própria ignorância, por um dos maiores pensadores da história da humanidade, dono de um cabedal de conhecimento muito superior à maioria de nós, animou minha alma ainda mais a procurar "conhecimento", mesmo tendo a certeza de que cada vez mais seria levado à afirmação de Sócrates.

 O  mistério da vida é cada dia mais presente. Tudo não passa de especulação: de onde viemos, para onde vamos, o que seria o bem, ou então, existe o mal?

Só sei que nada sei!

Ainda, nos deparando com as notícias do mundo, que por sua globalização nos revela acontecimentos tão díspares, onde a moral e os costumes permitem comportamentos humanos aceitáveis ali, que seriam reprováveis acolá e hediondos em outros tantos lugares, mas também encontraríamos lugares onde seriam aplaudidos. E veja que me refiro a um mesmo comportamento.

Só sei que nada sei!

Tragédias ocasionais, outras propositais, outras naturais... e na maioria das vezes envolvendo pessoas boas. Porque coisas ruins acontecem à pessoas boas? Onde estará o reconhecimento do mérito? Porque coisas ruins não acontecem só aos malvados? Seríamos, no fundo no fundo, todos ruins?

Quem saberá dizer? Bom, depois que Deus permitiu a crucificação de seu próprio Filho, o que não seria permitido à nossa humanidade errante?

Só sei que nada sei!

Rabino Herold Kushner

Mas será que este é o ponto de vista correto?

Segundo o Rabino Harold Kushner, uma das autoridades religiosas mais respeitadas do mundo, autor do best-seller, "Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas" e que já vendeu mais de 4 milhões
de cópias, Deus diz:

“Meu poder não é controlar o que aconteceu. Meu poder está direcionado para que você tenha as forças necessárias para responder ao que aconteceu. Meu poder é intervir após o fato, após o acontecimento. E ajudá-lo a lidar com o que aconteceu”. 

- e continua...

"Na minha opinião, é aí que está a força, o poder que Deus tem, não para controlar os fatos, mas para que possamos lidar da melhor forma com o que aconteceu."

Haja Fé!

Só sei que nada sei!

Fé e esperança animam o homem desde sempre, mas muitas vezes mal sabemos como crer. Talvez nossa evolução espiritual - será que estamos evoluindo? - ou a falta dela, explicou um Deus vingativo e justiceiro dos tempos do "Velho Testamento".

Para mim, um leigo total em matéria de religião, custo compreender que a Bíblia traga dois livros tão antagônicos quanto o Velho e o Novo Testamento. 

A boa nova, a mensagem de amor e perdão trazida por Jesus Cristo, anunciando quem era realmente "DEUS", pregando que nos amássemos como a nós mesmos, como Deus nos ama ...

Que contraste com os ensinamentos do primeiro livro da Bíblia, que contraste! Será que a humanidade ainda não tinha, naquela época, a capacidade de entender um Deus que nos amasse? Evoluímos tanto assim?

Tudo parece fugir do contexto correto. Se fomos criados à imagem e semelhança de Deus, então... só sei que nada sei

O desafio intelectual é enorme, e imaginem os retardados mentais, os de baixo QI, os revoltados, os fisicamente aleijados, os "normais", os filhos de pais separados, os filhos de pais tiranos, os filhos da ... - fica óbvio que não estamos em igualdade de condições e mesmo assim a vida parece um eterno "se vira nos 30".

Luis Fernando Veríssimo em sua crônica "O filósofo e seu cachorro" descreve muito bem o drama que vivemos quando nos pomos a filosofar: 

 

"...

o cachorro:- Não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

o filósofo- A recusa da morte é a mãe da filosofia. A idéia de deixar de existir é profundamente repugnante para nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se inventam religiões, e mil e uma maneiras de a vida continuar, nem que se volte como um cachorro.

- Epa.

- Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o mistério de ser e aceito meu fim. Estou pronto para pensar no Universo e na morte como um bicho.

- Mas eu nunca penso no universo e na morte.

- Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

- Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

- É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu ego e minha angústia, em troca da sua paz

..."

Por essas e por outras que continuo a pensar que: Só sei que nada sei!

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